No final do segundo dia do “Congresso Alberto Sampaio, Ontem e Hoje”, foram lançadas as Obras, de Alberto Sampaio, uma edição da Sociedade Martins Sarmento integrada nas comemorações do Centenário que reúne a produção científica que o historiador publicou entre 1884 e 1908. A sessão de lançamento contou com intervenções do Presidente da Direcção da SMS e do Prof. José Amado Mendes, que prefaciou o volume.
Aqui se reproduz a nota prévia que a Direcção da SMS fez inserir nesta edição:
O percurso científico de Alberto da Cunha Sampaio encontra algum paralelismo no do seu amigo mais velho Francisco Martins Sarmento. Tal como Sarmento, que apenas chegara aos estudos arqueológicos quando já corria o último terço da sua vida, também Sampaio é um historiador tardio, publicando o seu primeiro estudo científico em 1884, ano em que completou 43 anos de idade. Os primeiros passos do seu percurso de estudioso foram, em grande parte, influenciados pelo fervilhar cultural que naquele tempo agitava Guimarães, a terra que o viu nascer e onde teve a sua residência até ao início da Primavera de 1900, que era, segundo um dos seus biógrafos, “um dos mais brilhantes centros de cultura regional que então floresciam no país”.
A obra histórica de Alberto Sampaio começou a ser construída sob influência de Martins Sarmento. Como mais tarde escreveria Luís de Magalhães, “sobre a base das descobertas do ilustre arqueólogo na parte relativa à proto-história e à etnografia, traçou, o seu primeiro livro, o magnífico estudo sobre A Propriedade e a Cultura no Minho, que, desde logo, o colocou na primeira linha dos nossos publicistas de economia rural”. Desde aquele primeiro ensaio, que começou a publicar na Revista de Guimarães no ano de 1884, Alberto Sampaio assumiu, por direito próprio, um lugar à parte na historiografia portuguesa, construindo, ao longo de um quarto de século, uma obra não muito extensa, mas onde está presente uma voz original e profundamente marcante nos estudos de História Económica em Portugal.
A presente edição tomou como base os Estudos Históricos e Económicos, organizados em 1923 por Luís de Magalhães, tendo sido adoptada uma estrutura um pouco diferente. Em primeiro lugar são publicados cinco ensaios que ocupam um lugar central na obra de Alberto Sampaio (A propriedade e cultura do Minho, As Vilas do Norte de Portugal, O Norte marítimo, Ontem e hoje e As Póvoas Marítimas), inseridos em sequência cronológica, com o propósito de proporcionar a compreensão da génese e do processo de construção do pensamento histórico do autor. Em seguida, publicam-se quatro textos reveladores da atenção de Alberto Sampaio em relação à realidade do mundo em que vivia e da sua preocupação em contribuir para o progresso da sua terra e do seu país (Resposta a uma pergunta: convirá promover uma exposição industrial em Guimarães?, O presente e o futuro da viticultura no Minho, O Snr. Oliveira Martins e o seu Projecto de Fomento Rural e Um exemplo de colonização actual por "fogo morto"). Seguem-se dois textos de evocação de dois vultos da cultura portuguesa do seu tempo, figuras centrais da sua vida e da sua obra, os seus amigos Antero de Quental e Francisco Martins Sarmento. No final do volume, inseriram-se oito notas e recensões bibliográficas que Alberto Sampaio publicou dispersamente.
O historiador Alberto Sampaio foi um dos iniciadores e obreiros da Sociedade Martins Sarmento. À sua colaboração, generosa e desinteressada, ficou esta instituição a dever, nomeadamente, a organização da sua Biblioteca Pública e a promoção da memorável Exposição Industrial de Guimarães de 1884.
Aquando do seu desaparecimento, no primeiro dia de Dezembro de 1908, a Direcção da Sociedade Martins Sarmento descreveu Alberto Sampaio, pela inteligência e pelo saber das suas obras, como, “depois de Martins Sarmento, o vimaranense que mais ilustrou a sua terra, como escritor primoroso, revelador duma alta capacidade mental”. A obra de Alberto Sampaio está indissociavelmente ligada à Sociedade Martins Sarmento, desde o primeiro ao último texto que publicou: grande parte da sua produção científica foi originalmente divulgada na Revista de Guimarães e o último escrito que publicou em vida é uma reflexão sobre os Vimaranis Monumenta Historica, compilados pelo Abade de Tagilde, com o contributo de Alberto Sampaio, e publicados pela Sociedade Martins Sarmento.
A presente edição das Obras de Alberto Sampaio reúne os trabalhos científicos do historiador, tornando-os acessíveis aos estudiosos e ao grande público, pretende ser uma homenagem justa e singela da Sociedade Martins Sarmento a uma das suas principais referências culturais e morais.
Guimarães, Novembro de 2008
A Direcção da Sociedade Martins Sarmento
A Direcção da Sociedade Martins Sarmento
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