"Alberto Sampaio era um paladino da terra de Entre-Douro-e-Minho, tinha o culto desta nação milenária. A fim de compreender a sua devoção histórica pelo Norte, não é indiferente uma romagem a Guimarães, sua cidade natal. Uma vez lá, convirá subir ao alto da colina histórica, que domina o povoado urbano, onde se fixa o rude e bravio rochedo, símbolo da nossa sólida e irremovível vitalidade. Aí se nos deparará essa relíquia militar das origens da Nação, o castelo de Guimarães com as torres quadrangulares, que projectam no céu a sua dentadura granítica; também se evocará, para além da sobriedade decorativa e escultórica da capela românica de S. Miguel do Castelo, as inquietações religiosas da gente da Fundação. Uma vez perante os Paços dos Duques de Bragança, que, na sua imponência arquitectónica, espelham ainda o vasto poder senhorial de outros tempos, descer-se-á até ao Claustro de S. Domingos, para lá memorar o passado pré-histórico de Portugal e as aspirações autonomistas das velhas populações do Minho. Depois disto, é ainda indispensável, para bem compreender o homem de Entre-Douro-e-Minho através dos tempos, percorrer o Museu de Alberto Sampaio, cujo recheio artístico e arqueológico é, em grande parte, um valoroso legado da gente do Norte. A leitura atenta dos Estudos Históricos e Económicos de Alberto Sampaio será magnificamente iluminada por esta romagem histórica, que é um dever para todos os portugueses."
Feliciano Ramos, Alberto Sampaio e a subjectividade das suas interpretações históricas, Coimbra, 1946, pp. 21-22.
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