terça-feira, 4 de novembro de 2008

Folclore da Oliveira

A Oliveira de Guimarães (fotografia do séc. XIX)

Conta Heródoto (Liv. VIII, 54 e 55) que Xerxes, tendo ocupado Atenas e incendiado a cidadela, mandara que os exilados atenienses, que o acompanhavam, fossem fazer ali os sacrifícios segundo os seus ritos. Ora na cidadela havia um templo consagrado a Erechteus, filho da Terra, onde se via “uma oliveira e um mar”.

O incêndio, destruindo o templo, queimou também a árvore; mas os banidos, quando entraram ao recinto, notaram com espanto que tinha já lançado um rebento de um côvado de comprido.

Compare-se com esta a que se encontra em Guimarães.

Wamba – o suevo, lavrando placidamente o seu campo, como lhe anunciassem que os godos o tinham feito a ele – pobre campónio, rei da Espanha, espetara no chão a aguilhada seca de oliveira e dissera – “Quando esta vara der rama, serei eu rei Wamba”.

E de facto, a vara, reverdecendo, vestiu-se de vergônteas.

Na legenda portuguesa talvez se possa ver também (Tacitus, De Sit, m. et Pop. Germâniæ) o antigo costume teutónico de deitar sortes com ramos de árvores frutíferas.

Agosto 9, 1887.
ALBERTO SAMPAIO
[In Aurora da Penha, n.º único, Guimarães, 29 de Agosto de 1887]

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