Uma das preocupações iniciais da Sociedade Martins Sarmento prendeu-se com o desenvolvimento industrial de Guimarães. Logo nos primeiros tempos, mesmo antes da instalação oficial da Sociedade, foi apresentada pelo Director Domingos Leite Castro uma proposta para se organizar uma exposição concelhia. A ideia seria retomada no início de Dezembro de 1883, quando a linha de comboio já se aproximava de Guimarães. Nessa altura, a direcção da Sociedade decidiu pela “conveniência de, por ocasião da abertura do caminho-de-ferro de Bougado a Guimarães, se efectuar nesta cidade uma exposição industrial na conformidade de uma proposta há tempos apresentada pelo nosso colega o Sr. Domingos Leite de Castro”. De imediato se tratou da reparação da exposição, que contará com grande adesão por parte das actividades produtivas vimaranenses.
Alberto Sampaio, que seria autor, com Joaquim José de Meira, do Relatório da Exposição Industrial, desde cedo teve o seu nome associado à exposição de 1884, da qual, mais do que Director Técnico, tarefa em que foi formalmente investido, seria o principal mentor. Não por acaso, o primeiro texto que Alberto Sampaio publicou na Revista de Guimarães, era uma reflexão sobre a necessidade de promover uma mostra da indústria vimaranense, em que responde à pergunta Convirá promover uma exposição industrial em Guimarães?
“[…] Uma exposição em Guimarães não só é conveniente, mas impõe-se como uma necessidade, se a considerarmos como o primeiro passo para o rejuvenescimento e aperfeiçoamento tanto das suas antigas industrias como das que têm sido introduzidas nestes últimas quarenta anos. Esta necessidade acentua-se tanto mais se se atender à sua variedade, à localização dispersa por toda a área do concelho e à apatia de que estão sofrendo muitas delas. Reunidas, postas em face umas e outras, ver-se-á mais claramente, duma maneira palpável e irrefutável, a grande importância que o trabalho fabril ocupa no regime económico do concelho, e como o seu desaparecimento se traduziria por uma verdadeira desgraça para a população que o habita.
Ponderemos também que o inquérito de 1881 é muito omisso neste ponto; omissão que resultou provavelmente já da dificuldade de colher os elementos necessários atenta a sua disposição topográfica, como talvez também por falta de tempo. Será pois uma ocasião oportuna de preencher aquela falta, e formular um relatório que contenha detalhada e precisamente todo o movimento industrial de Guimarães, indagando-se ao mesmo tempo todos os factos que constituem a sua economia e trazendo a lume todos os esclarecimentos que sejam a base para os trabalhos a seguir.
Considerada assim, no ponto de vista acima exposto, como ocasião de estudo, como incentivo que reanime o moral da população, como ponto de partida em suma, uma exposição aqui como em qualquer outro centro produtor, tem uma razão de ser determinada; esforço parcial, mas subordinado a um pensamento geral, faz parte, diremos antes, é um poderoso meio de acção deste movimento geral que antes de se estender e envolver toda a terra portuguesa, terá de se ir acentuando isoladamente em todos os grupos produtores.
Se o país tiver ainda a vitalidade e os meios suficientes para levar a cabo esta empresa, se os homens que a iniciaram e os que se lhes vierem juntando nesta longa peregrinação, conseguirem restaurar o trabalho português indústria agrícola e fabril – poderemos então esperar ainda que qualquer que seja a crise mais ou menos grave, que parece avançar dia a dia sobre o horizonte nacional, essa será apenas uma perturbação passageira, que causará sem duvida a ruína de muitos, mas deixará viva a massa da nação e com os elementos necessárias para começar um novo ciclo histórico.”
Alberto Sampaio, “Resposta a uma pergunta. Convirá promover uma exposição industrial em Guimarães?”, in Revista de Guimarães n.º 1, fasc. 1, Jan.-Mar. Jan.-Mar. 1884, p. 25-34.
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