O título dado a esta exposição “Os frutos da terra em Alberto Sampaio” assenta bem nessa outra faceta do historiador das “Vilas do Norte de Portugal”, porventura menos conhecida: o seu profundo amor à terra e a sua insaciável curiosidade por tudo quanto lhe dizia respeito. Era na terra que buscava a Paz, educava a paciência e procurava soluções para melhorar a desesperada economia do nosso país. Ele próprio o confessa em carta que escreveu a Jaime de Magalhães Lima: “Felizes os que nunca conheceram outra escola senão aquela outra dos campos.” O seu espírito inquieto, o seu enorme desejo em conhecer tudo até ao mais ínfimo pormenor, levaram-no a experimentar, de uma forma exemplar, praticamente tudo quanto à terra dizia respeito. Apontava tudo meticulosamente e, sempre que necessário, recorria a desenhos simples, mas que se revelavam extraordinariamente úteis. Esta exposição revela um Alberto Sampaio floricultor, agricultor, vitivinicultor, diferente mas complementar do historiador notável que todos conhecemos. É talvez por isso mesmo, por trazer a público esta faceta mais ignorada do Historiador, que a exposição agora inaugurada é merecedora do nosso reconhecimento.
Os seus profundos conhecimentos de agricultura valeram-lhe o convite de Oliveira Martins para com ele colaborar no “Projecto de Lei do Fomento Rural”, colaboração tão valiosa que justifica a frase de Oliveira Martins a ele dirigida: “(…) em grande parte a obra é sua; queira-lhe como se quer a um filho.” Alberto Sampaio no seu notável trabalho “A propriedade e a cultura do Minho” mostra-se preocupado com a distribuição da água de rega. São suas estas palavras: “Aqui a água é tudo; é ela quem determina o valor de uma propriedade, o qual será maior ou menor segundo a quantidade de que puder dispor.” Visionário como sempre, já antecipa em finais do séc. XIX a construção de pequenas barragens como nos bosques alsacianos, ou presas que guardassem estas águas que serviriam quer para regas directas quer, pela infiltração, para aumentar o volume das fontes.
Esta exposição apresenta-nos este outro Alberto Sampaio que o Historiador por vezes encobre e procura torná-lo vivo, através da sua vida de agricultor e, mais do que isso, de Homem bom e tolerante, culto e inteligente, de uma modéstia beneditina que o tornaram credor da nossa mais profunda admiração.
Maria Augusta Sequeira Leal Sampaio da Nóvoa Faria Frasco
Museu Bernardino Machado, 26 de Janeiro de 2008
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