Alberto Sampaio é, como ele próprio o disse “minhoto cem por cento”. E este homem, de espírito universal simples e humilde, como reconhecem os amigos, e o historiador erudito, como atesta a obra que nos legou, que vamos homenagear.
O Município de Guimarães, a Sociedade Martins Sarmento e o Museu Alberto Sampaio têm toda a legitimidade e, porventura, o dever de fazer esta homenagem. Idêntica legitimidade tem o Município de Vila Nova de Famalicão.
Nesta circunstância, congratulo-me pelo o entendimento intermunicipal entre Vila Nova de Famalicão e Guimarães que preside a estas comemorações. Em vez de vários programas, temos um, que junta todos e que se desdobra por dois Municípios, e conta com a colaboração e participação de várias instituições e associações da região. Creio ser esta a melhor e a mais sábia maneira de homenagear Alberto Sampaio.
Ele que tinha o Minho como território de referência para os seus estudos históricos e para as experiências na vitivinicultura, onde foi pioneiro no desenvolvimento e projecção do vinho verde além fronteiras. Ele que escolheu o Minho como terra de eleição para viver.
A Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão não vai cometer o erro praticado em 1941, no centenário do nascimento de Alberto Sampaio, ao deixar passar em claro aquele aniversário.
Sabemos que, na altura, viviam-se dias difíceis. Porém, isso não impediu que a Câmara de Guimarães organizasse um programa comemorativo.
Mesmo assim, nem a romagem ao cemitério de Cabeçudos, nem a colocação duma lápide na Casa de Boamense tiveram lugar. Inexplicavelmente ficaram adiadas.
Em Vila Nova de Famalicão, com a honrosa excepção de José Casimiro da Silva, director do “Estrela do Minho”, que lembrou no seu jornal o aniversário do seu nascimento, ninguém mais se mobilizou, nem mesmo as autoridades municipais da época.
O Município de Vila Nova de Famalicão tem pois responsabilidades redobradas que vai assumir, para com Alberto Sampaio. É certo que, nos últimos anos, tentou-se reparar esta injustiça. O seu nome já consta da toponímia famalicense e o Arquivo Histórico Municipal ostenta o seu nome.
Eis porque o lançamento da primeira pedra das novas instalações deste equipamento cultural, que faz parte do programa comemorativo, tem para nós um significado especial. Por um lado, evidencia o nosso total empenho na evocação do centenário da sua morte e, por outro, a reparação da injustiça que temos para com a memória do homem íntegro, do historiador sábio e do cidadão exemplar.
O programa é diversificado juntando o plano científico com o pedagógico, não esquecendo o envolvimento popular. É uma boa aposta dar oportunidade aos investigadores para aprofundar a obra historiográfica e para se conhecer em profundidade o pioneirismo no campo da vitivinicultura, não descurando o sentido educativo e pedagógico que estas iniciativas não podem deixar de ter.
A Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão está de corpo inteiro e de espírito aberto nestas comemorações. O programa comemorativo foi aprovado por unanimidade pelo executivo municipal. Hoje, e cada vez mais, as fronteiras físicas e mentais deixaram de ter sentido. O nosso horizonte, tal como o de Alberto Sampaio, projecta-se para toda a região do Minho e do Nordeste de Portugal.
Armindo Costa
Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão
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