domingo, 2 de dezembro de 2007

Raízes liberais de Alberto Sampaio

Bernardino de Sampaio Araújo, pai de Alberto Sampaio, era filho de Manuel Sampaio Araújo e de Ana Maria Carvalho Araújo. Nasceu na freguesia de São Cristóvão de Cabeçudos, em Vila Nova Famalicão. Cursou direito na Universidade de Coimbra, onde o apanhou a revolução liberal de 1820. Formou-se em 1822, vindo a exercer funções de procurador in partibus do Almoxarifado da Vila de Barcelos, cargo que ocupava em 1827. Tendo aderido aos ideais liberais, seria perseguido durante o período da usurpação absolutista, após a aclamação de D. Miguel, acabando por emigrar em 1828. Regressaria a casa em 1834, após a vitória dos liberais na guerra civil. Em 1835 era delegado do Procurador Régio no Juízo de Direito de Famalicão. Em 1837, transitou para as funções de Juiz de Direito Substituto em Guimarães, onde seria eleito deputado substituto em Outubro de 1838. Em Janeiro de 1841, foi despachado juiz de Direito de 1.ª Instância em Celorico de Basto, terra onde viria a falecer, no princípio de 1842.

Entretanto, tinha-se casado com Emília Ermelinda da Cunha Sampaio que, depois do nascimento do primeiro filho, José, nascido na casa paterna, em Cabeçudos, se instalaria em Guimarães, na residência de um tio, o cónego José de Abreu Cardoso Teixeira, na rua dos Mercadores (actual rua da Rainha D. Maria II). Seria aí que aguardaria a chegada do seu segundo filho, Alberto.

O cónego José Teixeira partilhava dos ideais constitucionais de Bernardino de Sampaio e Araújo. Também ele andou fugido às perseguições miguelistas, por ter sido pronunciado na devassa instruída na sequência do decreto de 15 de Julho de 1828. O seu nome estava inscrito no extenso rol dos liberais que foram citados, como ausentes, por alvará do Presidente da Alçada do Porto, para comparecerem perante a Justiça para “se livrarem das culpas e crimes por que estavam pronunciados pelas devassas de rebelião”. Continuaria na clandestinidade, integrando uma lista de 109 pessoas procuradas por crimes políticos, sob quem incidia a ameaça do degredo para os presídios africanos de Cabo Verde, Caconda, Bissau ou Pongo Andongo. Com a vitória de D. Pedro IV e de D. Maria II, em 1834, o cónego Teixeira estará do lado dos vencedores, sendo premiado com a conesia do Cónego Pedro de Morais Correia de Sá e Castro, que foi expulso, por ser partidário dos miguelistas. Faleceu na madrugada do Natal de 1843, quando contava 55 anos.

Tendo iniciado a sua formação escolar em Guimarães, com o seu irmão José, na aula de Tomás Guilherme (que, muito provavelmente, seria Tomás Guilherme de Sousa Pinto, depois director do jornal vimaranense Religião e Pátria), Alberto Sampaio foi inscrito, com 10 anos completos, no Colégio de João Luís Correia de Abreu, em Landim, Famalicão, próximo da casa de Boamense, em Cabeçudos, para onde entretanto se mudara a sua mãe. Curiosamente, e apesar da forte tradição liberal da sua família, a sua instrução foi entregue a um fervoroso partidário do absolutismo, João Luís de Abreu, que também andara expatriado por razões políticas, mas por motivos opostos aos que justificaram as perseguições ao seu pai e ao seu tio-avô.

[Texto também publicado aqui]

1 comentário:

Anónimo disse...

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