domingo, 25 de novembro de 2007

Algumas notas sobre a actividade de Alberto Sampaio na Sociedade Martins Sarmento

Alberto da Cunha Sampaio teve, desde os tempos da fundação, um papel muito presente e activo na actividade da Sociedade Martins Sarmento. Apesar de não integrar a Direcção da Sociedade, cujo primeiro presidente foi o seu irmão José, Alberto Sampaio em muito contribuiu, com a sua acção e o seu conselho, para o dinamismo cultural e social que, desde cedo, a SMS assumiu na cidade e no país.

Num texto em que dava conta das primeiras actividades da Sociedade, publicado no n.º 1 da Revista de Guimarães, Avelino da Silva Guimarães regista essa colaboração:

“Também tivemos muito quem nos animasse. Tivemos uma classe de consócios, que denominámos consultivos, porque assistiam às nossas sessões, e nos auxiliavam com a luz do seu conselho. Neste primeiro período foram os mais assíduos os snrs. Rodrigo de Menezes e Alberto Sampaio.”

A voz de Sampaio foi ouvida aquando da redacção do Regulamento Geral da Sociedade, ainda no início de 1882. Em Janeiro de 1883, a sua opinião teve peso na aprovação de uma proposta de Avelino Guimarães o criação de um periódico, que virá a ser a Revista de Guimarães, na qual o historiador Alberto Sampaio iniciaria a publicação da sua obra.

Em 1884, publicou o seu primeiro texto na Revista de Guimarães, com o título “Resposta a uma pergunta. Convirá promover uma exposição industrial em Guimarães?”. A sua resposta seria consumada em Junho daquele ano, quando, por iniciativa da Sociedade Martins Sarmento, abria portas a primeira e grandiosa Feira Industrial de Guimarães, da qual, mais do que Director Técnico, cargo em que foi formalmente investido, Alberto Sampaio se assumiria como um dos principais mentores e impulsionadores. O notável Relatório da Exposição Industrial de Guimarães, em 1884 seria obra sua e de Joaquim José de Meira.

Ainda nesse ano de 1884, Alberto Sampaio integrou o Conselho Superior do Instituto Escolar da Sociedade Martins Sarmento.

Em 1890, foi-lhe solicitado pela Direcção da Sociedade que, juntamente com outros ilustres vimaranenses (Conde de Margaride, Padre Abílio Augusto de Passos, Domingos Leite de Castro, Francisco Ribeiro Martins da Costa e Visconde de Sendelo), emitisse parecer acerca da criação de condições para a introdução do ensino agrícola na instrução primária complementar. Em Novembro desse ano, foi-lhe também solicitado que, em colaboração com Francisco Martins Sarmento, José de Freitas Costa, António Augusto da Silva Cardoso, Domingos Leite de Castro, Inácio de Meneses e Antero Campos da Silva, participasse na organização dos catálogos e do regulamento dos museus de arqueologia e numismática da Sociedade.

No início de 1891, a acção cultural de Alberto Sampaio seria reconhecida pela sociedade Martins Sarmento, com a aprovação da proposta de Avelino Guimarães para que lhe fosse atribuída a condição de sócio honorário “não só pelas suas publicações de mérito, especialmente pela direcção técnica da exposição industrial de Guimarães”.

Uma das principais marcas que Alberto Sampaio deixou na Sociedade Martins Sarmento é a que resulta da sua colaboração para a criação e abertura da Biblioteca Pública da Sociedade. A esse propósito, escreveria Avelino Guimarães, na Revista de 1884:

“O génio resoluto de Leite Castro, eleito entre os seus colegas da direcção para director da biblioteca, não acobardou com as dificuldades que surgiram na organização e instalação duma biblioteca desde o princípio avultada. Obtendo a coadjuvação constante do dr. Alberto Sampaio, pôde conseguir que a biblioteca se inaugurasse solenemente no dia 9 de Março de 1883, e pouco depois se facultassem quase todos os volumes à leitura pública.”

Além do seu contributo para a organização da Biblioteca, Alberto Sampaio daria um significativo contributo para engrandecimento do seu acervo, ao oferecer muitos livros da sua biblioteca particular à Sociedade Martins Sarmento. Nas actas da Direcção estão registadas, pelo menos, oito doações, que ocorreram entre os anos de 1883 e 1896. A última delas seria um exemplar da edição de luxo da obra Anthero do Quental – In Memoriam, que homenageava o seu amigo e companheiro de jornada desde os tempos de Coimbra.

[Texto também publicado aqui]

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