MANIFESTAÇÃO — Realizou-se ontem a que os artistas e industriais desta cidade tinham resolvido fazer, em demonstração de agradecimento aos promotores da brilhante exposição industrial de Guimarães.
À uma e meia hora da tarde principiaram a reunir-se os diversos grupos de operários e artistas na casa da Associação Artística.
Às 3 horas, estando já literalmente cheio o grande salão da Associação, estavam ainda muitos centenares de pessoas na rua de Gil Vicente, por não caberem lá dentro.
A essa hora principiou a pôr-se em marcha o cortejo.
Na frente ia uma banda de música, seguindo-se um industrial com a bandeira nacional arvorada, e desfilando depois numerosas massas de operários e artistas, da cidade e do concelho, que podiam calcular-se em mais de dois mil.
No couce ia outra banda de música.
A esta imponente massa juntava-se outra ainda maior de e povo e curiosos, talvez em número superior a quatro mil pessoas.
Os artistas, industriais e operários levavam no casaco um ramo de oliveira.
O cortejo seguiu pela rua de Gil Vicente, rua de Paio Galvão, largo ocidental do Toural, largo e Rua Nova de S. Sebastião, em direcção a Vila Flor.
No pátio dos jardins aguardava-o a Comissão Central promotora da exposição.
Chegado ali o cortejo levantaram-se calorosos vivas, entusiasticamente correspondidos por toda aquela enorme multidão.
As músicas seguiram então pela estrada para o átrio de entrada do palacete, em quanto os artistas e industriais subiam pelo jardim para a exposição, sempre no meio de entusiásticos vivas.
Depois da demora de duas horas em visita à exposição, tornou o cortejo a pôr-se em marcha, para vir, como veio, cumprimentar a Direcção da Sociedade Martins Sarmento, à sua casa do largo do Carmo, onde ela o estava esperando.
Ali repetiram-se os vivas e as saudações ao alto cometimento e aos nobres intuitos da Sociedade, depois do que o cortejo seguiu ainda para a rua de Santa Luzia, para saudar, em sua casa, o sr. dr. Alberto Sampaio, douto, esforçado e activo paladino da exposição, como presidente da respectiva comissão executiva dela.
Não estando S. Exa. em casa, o cortejo regressou à casa da Associação Artística, onde se dissolveu.
Em todos estes actos reinou sempre a maior ordem e o maior respeito, mostrando assim a nobre classe artística e industrial, quanto é digna de consideração, e quanto é nobre e entusiástica a sua grande alma.
[Notícia do Religião e Pátria de 25 de Junho de 1884]
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