Martins, António e Faria, Emília Nóvoa, Nota de imprensa: Doação da Biblioteca de Alberto Sampaio ao Museu de Alberto Sampaio. Maio 2005.
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
A Biblioteca de Alberto Sampaio
De Alberto Sampaio disse Camilo Castelo Branco, em carta a António Feliciano de Castilho, datada de 12 de Junho de 1873: “Recebi as 80 páginas da Glótica. Emprestei-as a um judicioso germanista, Alberto da Cunha Sampaio, que vive perto desta casa. Rapaz de 33 anos, que lê alemão, grego, inglês e latim correntemente. Escreveu há anos óptimos artigos à Montaigne num periódico de Ant.º Augt.º. Depois deu-se todo à agricultura e fabrica champanhe. Pertenceu à seita do Antero […]. De vez em quando vai a Paris; passa 2 meses no Bois a ler os livros modernos, e volta para a sua quinta de Boamense.” Àquelas 4 línguas, forçosamente se acrescentaria o francês. A sua biblioteca é simultaneamente o espelho exemplar da mais sólida formação e o melhor testemunho do espírito científico que caracterizou o seu labor. São 500 títulos, excluindo a herança de muitos livros de feição eclesiástica e jurídica dos quais se alheou quase totalmente. Se a este espólio retirarmos cerca de 45 Relatórios e Estatutos de várias Instituições a que esteve ligado, restam-nos 455 referências, compreendendo cerca de 70 obras que lhe são oferecidas, com dedicatória, por autores amigos e admiradores, como Antero Quental, Jaime de Magalhães Lima, Bernardino Machado, Oliveira Martins, Martins Sarmento e José Leite de Vasconcelos. O domínio das línguas e a preocupação que lhe merecia o seu aperfeiçoamento está patente em cerca de 50 títulos relativos a dicionários e obras de linguística. De resto, alguns pesos-pesados da historiografia alemã da época, tais como Korting, Mommsen e Rudorff, fazem parte da biblioteca, no original. Tal como os 4 volumes dos Portugaliae Monumenta Historica, de onde extraiu mais de 500 referências, quase sempre em latim antigo, para as suas principais obras históricas. São no entanto de língua francesa a maioria dos livros que compõem este importante acervo, onde soam nomes como Coulanges, Litrée, Jubainville, Michelet, Proudhon, Thiers, Paquis, Rousseau. O lugar privilegiado que as actividades agrícolas ocuparam no seu espírito, praticamente durante toda a sua vida activa, são eloquentemente testemunhadas pelos mais de 70 títulos que é possível encontrar na sua biblioteca.
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